12 de out. de 2010

Matemática, Amor e Raciocínio

Já notou como gostar de alguém é entrar em um looping eterno de cálculo estratégico? A gente se pega fazendo operações complexas, tecendo mil probabilidades, avaliando infinitos finais possíveis. Matemática pura. Mas, pra alguém como eu, que sente ojeriza por tudo isso, a equação acaba em um resultado não muito feliz. Embora previsível.

“Devo ligar/ falar primeiro?” “Será que ele gosta de mim?” “É melhor esperar ela fazer tal coisa antes?” Fala sério. Quantas variáveis e variantes estão presentes em um relacionamento? Quanto de lógica nós utilizamos, sem nem precisar de papel e caneta pra chegar a um “ele não presta” ou “ela foi filha da put*”? Aliás, só usamos pra verificar quanto falta no cartão de crédito no final do mês, depois de algumas saídas.

Nessa mistura de lógica e sentimento, existe algum denominador comum, algum fator necessário para assegurar um resultado correto? A ordem dos fatores – o fator EU- muda o quê, em quê, pra quê? Relação é soma, sentimento é divisão, briga é subtração e carinho é multiplicação. Não tão simples assim: já vi casos de pura divisão, ou somente subtração. Extremos que dão certo, tanto quanto um caso de banal 2 mais 2.

Tudo muito confuso, logaritmos materializados em expressões, colchetes em abraços, parênteses em suspiro. Matemática no corpo, no coração, na alma, teorema livre da vida.

Espera. Tem uma calculadora aí?

5 de out. de 2010

Boderline

Existe uma equação que sempre me perturbou muito: o equilíbrio entre o ego e o coletivo. Sendo mais específica: o quanto é aceitável sermos voltados para nós mesmos em detrimento do que deve ser feito em prol dos outros?


Egoísmo puro e simples se traduz em algumas ações rotineiras. Por exemplo: visto-me pra mim, compro maquiagem (desnecessária) para mim, como o hambúrguer que eu quiser, escuto a música que eu quiser. Satisfações pequenas que massageiam meu eu interior. Que, aliás, grita constante e exponencialmente por mais. Quero ser mais, ter mais, desejar mais. É uma imposição fortíssima, quase tão dominadora quanto meu impulso por cuidar dos outros.


O quão doentio é isso: viver pra si e para satisfazer quem amo? Já parou para pensar em quantas ações suas são voltadas para o seu próprio bem estar? E quantas são altruístas, feitas por amor e nada mais? Lógico que essa matemática se diferencia de pessoa para pessoa. Existem aqueles que são abnegados ao ponto de se anular para afagar as necessidades alheias. Tentei isso, e vi que não deu certo. Tentei, também, ser mais egoísta. Falhou nos primeiros momentos.


Então, #comolidar? Acho que o tema perpassa por outra complexidade: o sentimento de coletividade. Queremos nos incluir em um grupo, nos identificar como igual, pertencer a uma "panelinha". Alguns vão longe demais, ultrapassam limites para sentirem-se incluídos e amados. Não os julgo, sei que é contagiante encontrar nossos pares. A experiência mais próxima disso,para mim, foi me re-incluir na comunidade botafoguense. Me senti parte de algo maior, agora que podia partilhar das mesmas idéias e sentimentos com outras pessoas. Parece bobo e insano, mas estou certa que você já sentiu o mesmo.


Volto a meu questionamento central: se nos incluir faz parte do nosso cotidiano e mesmo de nossos instintos, o quê fazer com nosso ego que grita altíssimo incessantemente? Como saber se estamos saudavelmente cuidando dos dois lados? Não sei a resposta, e duvido que alguém saiba. Vou me limitar,então, com o resultado genérico de afirmar que a vida é uma sucessão de tentativa e erro, até que cheguemos a algum lugar.