19 de set. de 2011

Ensaio sobre o amor

Filmes, livros, novelas, contos de fadas. Diariamente somos expostos a diferentes plataformas que parecem berrar uma só instrução, em uníssono: "ame". Ainda pequenos, somos ensinados que nenhum sentimento é mais pueril ou nobre do que o amor, e que tão somente ele é capaz de libertar-nos das diversas provações que a vida nos determina.

Bem, ninguém nunca parou pra me ensinar como amar. Eu tive que aprender sozinha.Levou alguns anos e muita observação para reunir algumas informações importantes e básicas, tudo aprendido na base da tentativa e erro, erro e tentativa. Às vezes, dar murro na parede resolve. Outras, basta fechar os olhos e suspirar. Tem ainda aqueles casos sérios em que é necessário uma amiga, um pote de sorvete e um filme bobo. Então, isso significa que amor não basta?


Não. Ninguém me disse que, para amar outra pessoa, primeiro é preciso aceitá-la do jeito que é. Portanto, senhoras e senhores, é necessário saber dos "limites" - que impomos e que são impostos- sobre o objeto de afeto. A convivência é uma arte que poucos dominam. Sei que requer paciência, aceitação, cuidado, conhecimento, tempo. Doses múltiplas de coisas que tenho tão pouco. Mesmo nas mais banais formas de relacionamento esse "pacote" é indispensável. Pense, por exemplo, naquele seu amigo de colégio ou faculdade cuja determinada característica tanto irritava os demais. Por que você foi capaz de acolhê-lo e os outros nem tanto? Porque foi feito um difícil exercício de aceitação. Antes do amor, vem o convívio e, com ele, a aceitação.


Também não me disseram que, para realmente amar o próximo, devemos desfazer de pedaços de nós mesmos, abrir mão de certos caprichos e cultivarmos a tolerância. Não sabia que, para amar uma amiga, um irmão, uma tia ou um homem, necessito, antes, amar a mim, saber dos meus parâmetros, dos meus porquês; para só então decidir que parte de mim vou amenizar para que aquele relacionamento funcione. Não se engane: nenhuma relação dá certo sem sucessivas concessões - de todos os lados.


E, por fim, soube que o amor dói por essência. Que é um sentimento nobre porque nos força a moldar o caráter e tomar decisões. Afinal, que fazer com todas as dores de cabeça que ele nos traz?