5 de out. de 2010

Boderline

Existe uma equação que sempre me perturbou muito: o equilíbrio entre o ego e o coletivo. Sendo mais específica: o quanto é aceitável sermos voltados para nós mesmos em detrimento do que deve ser feito em prol dos outros?


Egoísmo puro e simples se traduz em algumas ações rotineiras. Por exemplo: visto-me pra mim, compro maquiagem (desnecessária) para mim, como o hambúrguer que eu quiser, escuto a música que eu quiser. Satisfações pequenas que massageiam meu eu interior. Que, aliás, grita constante e exponencialmente por mais. Quero ser mais, ter mais, desejar mais. É uma imposição fortíssima, quase tão dominadora quanto meu impulso por cuidar dos outros.


O quão doentio é isso: viver pra si e para satisfazer quem amo? Já parou para pensar em quantas ações suas são voltadas para o seu próprio bem estar? E quantas são altruístas, feitas por amor e nada mais? Lógico que essa matemática se diferencia de pessoa para pessoa. Existem aqueles que são abnegados ao ponto de se anular para afagar as necessidades alheias. Tentei isso, e vi que não deu certo. Tentei, também, ser mais egoísta. Falhou nos primeiros momentos.


Então, #comolidar? Acho que o tema perpassa por outra complexidade: o sentimento de coletividade. Queremos nos incluir em um grupo, nos identificar como igual, pertencer a uma "panelinha". Alguns vão longe demais, ultrapassam limites para sentirem-se incluídos e amados. Não os julgo, sei que é contagiante encontrar nossos pares. A experiência mais próxima disso,para mim, foi me re-incluir na comunidade botafoguense. Me senti parte de algo maior, agora que podia partilhar das mesmas idéias e sentimentos com outras pessoas. Parece bobo e insano, mas estou certa que você já sentiu o mesmo.


Volto a meu questionamento central: se nos incluir faz parte do nosso cotidiano e mesmo de nossos instintos, o quê fazer com nosso ego que grita altíssimo incessantemente? Como saber se estamos saudavelmente cuidando dos dois lados? Não sei a resposta, e duvido que alguém saiba. Vou me limitar,então, com o resultado genérico de afirmar que a vida é uma sucessão de tentativa e erro, até que cheguemos a algum lugar.



2 comentários:

  1. Somos seres sociais, mas, alguns esbarram em um problema, que é a total falta de auto-estima. Com isso, os laços que os prendem à coletividade (seja lá qual for) tornam-se ainda mais fortes, pois a sua personalidade torna-se não mais a sua própria, mas, em grande parte, a do grupo. Aí o problema torna-se gravíssimo, tão ruim quanto aqueles que não tem auto-estima e não tem um grupo.

    Com o Botafogo, a minha sensação é diferente. Não é apenas a sensação de fazer parte de algo maior, até porque, acredito a minha relação com o clube é um pouco diferente da maioria. Mas, na verdade, o que me fascina na relação do Botafogo é fazer parte de algo cujo rumo eu não tenho a menor influência ou poder. Isso é fantástico.

    Para terminar, duas citações, ambas do "Retrato de Dorian Gray": "(...) A finalidade da vida é o desenvolvimento próprio. O que devemos buscar é a realização da nossa própria natureza. O problema é que, hoje em dia, as pessoas têm medo de si mesmas. Esqueceram-se do mais nobre de todos os deveres, o dever para consigo mesmas" e a outra, quase fugindo do assunto é "quando tentamos nos sobressair, criamos sempre inimigos. Para ser popular é necessário ser medíocre".

    Arrumar um meio termo no meio disso tudo é impossível, mas vamos buscando. E, enquanto isso, nos divertindo.

    Beijos e vim pelo Thiago Luiz, o meu xará.

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  2. Amar a si mesmo para amar o próximo.

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