2 de nov. de 2010

Watch Me.

Sofro preconceito desde o dia em que nasci, já que sou mulher. Aceite ou não, a sociedade é machista. A vida segue assim, com milhares de preconceitos velados ou escancarados, perceptíveis nos mínimos detalhes. Além de ser mulher, ando com homossexuais. Sou hetero, por isso suporto a olhadela desconfiada dos que são gays e não curtem uma “estranha no ninho”; e a dos haters do glitter que me circunda. Ou seja, de heterossexuais que não entendem meu gosto por conviver e sair com essas pessoas.

Recentemente, mais um motivo de estranheza: gosto de futebol. Talvez para você isso seja banal, irrelevante ou bobo. Mas pense: nunca notou como as pessoas na rua olham engraçado pra garotas com camisa de time? Quantas vezes você mesmo já conversou com uma menina assim, e quando surgiu discordância, pensou: “ah, ela é mulher, não entende disso.” Dentro do meu próprio círculo íntimo de amizades, já me taxam como fanática, sendo que adentrei no mundo futebolístico há pouquíssimo tempo. Apenas estou engatinhando. Nem imagino como seria se eu fosse realmente entendida, como muitos dos que vim a conhecer.

Para aqueles que me acompanham pela Internet, ou pela vida real, e não estão felizes com isso: me assista. Viciada e viciante, não vou me furtar de fazer aquilo que quero, gosto e acho certo. Pode assistir de camarote a minha felicidade. Até mesmo vibrar com meus acertos, balançar a cabeça e dizer “eu te avisei, menina” em minhas derrotas e, inclusive, fazer um cafuné quando te pedir colo. Assista-me, me entretenha, compartilhe comigo.

E não se trata apenas do futebol: tudo está incluído. Parece que há uma expectativa quanto ao meu comportamento, uma agitação quando há contradição entre realidade-fantasia. Estou no meio de um furacão chamado “transição-para-a-vida-adulta” e não é divertido, nem fácil. No entanto, estou me esforçando pra ir no caminho certo, me bancando mais, rindo mais, aceitando mais. Tudo “mais”: fazer e sentir.

Já disse que não espero a compreensão de ninguém, em momento algum. Mas deixaram a porta da gaiola aberta, me fizeram questionar e pensar. Agora, agüentem.

2 comentários:

  1. Confesso que nem converso sobre algumas coisas - futebol, especialmente - com algumas pessoas.
    Perda de tempo, e estresse desnecessário.
    E algumas pessoas simplesmente determinam o que devemos fazer na idade em que estamos, como se houvesse uma verdade na qual devemos nos guiar.

    ResponderExcluir
  2. Eu vi um retweet do seu blog. Resolvi entrar e me identifiquei totalmente com esse texto. No país do futebol, as mulheres que gostam parecem estranhas no ninho, tendo que suportar olhar feio de outras pessoas quando vestem camisas de futebol. Chega a ser um absurdo! Enfim...parabéns pelo texto, tenho certeza que muitas meninas se sentem assim.

    ResponderExcluir